sábado, 7 de fevereiro de 2009

Para Os Portugueses

Quatro portugueses cavam a sua própria cova.
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Cairo em plena hora de ponta.
No táxi com os estofos cobertos com nódoas , manchas e afins, um rádio quebrado em mil e cintos enferrujados, a família está ser levada ao restaurante, em que a especialidade são pratadas de carne (diversas), recomendado pelo primo de Óbidos.
O movimento da cidade escandaliza a família e esta reage.
O pai sentado, no lugar da frente:
- Que eu saiba, as estradas têm três e não quatro faixas...
- Bem, este arzinho fresco sabe bem, abre a janela, abre! - dirigindo-se para o taxista que nada percebe de português.
A mãe continua harmoniosa...
- Credo! Estas crianças na rua sempre a pedir um euro, que estupores...!
- Os pais devem dar-lhes cá uma educação...
Os dois irmãos, sentados, lá atrás divertem-se a menosprezar a velhice do táxi.
O taxista é mais um naquela selva rodoviária e continua calmo, atendendo o telefone, excelente oportunidade para as crianças, em conjunto, com os pais se rirem baixinho dos vocábulos árabes.
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É cavada a sua cova, nestes vinte minutes, afogada em queixas e reclamações.
Neste mesmo espaço de tempo, um polícia encontra-se numa tentativa de coordenação do tráfego, um homem varre o lixo, o taxista tenta falar sobre as crianças daquela zona pobre e passa um Porsche negro brilhante, deslizando pela estrada, na faixa mesmo ao lado.
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Caros portugues, é tempo de sair dessa cova e olhar para o Sol.

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